O papel da imprensa no mercado da cannabis medicinal
O debate em torno da cannabis medicinal tem crescido exponencialmente nos últimos anos no Brasil, principalmente devido à regulamentação de seu uso medicinal pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), medida esta que foi um marco importante na política de saúde do país em relação ao uso terapêutico da planta.
A resolução da Anvisa estabeleceu requisitos específicos para a fabricação, importação, prescrição, venda e monitoramento desses medicamentos, permitindo que os produtos à base de canabinoides sejam vendidos, desde que registrados na agência e aprovados para uso medicinal.
Para além das mudanças legais e regulamentárias, isso significou também uma necessidade de transformação na forma como os conhecimentos clínicos e evidências científicas em torno da planta eram compartilhados nos meios de comunicação. Tais desafios perduram até os dias atuais.
Ao informar o público sobre os avanços científicos, políticas governamentais e histórias pessoais relacionadas ao uso medicinal da cannabis, a imprensa desempenha um papel fundamental não apenas na fomentação do debate, mas especialmente na promoção de um entendimento mais amplo sobre essa forma de tratamento, como explicado a seguir.
Além da informação: um processo de desmistificação
Quando o assunto é o uso medicinal da cannabis, a imprensa ocupa um papel essencial na democratização da informação sobre o assunto, especialmente quando consideramos o histórico de proibicionismo e o papel dos veículos de comunicação, por muitos anos, na manutenção da criminalização da planta.
“Uma vez que a gente vive numa sociedade onde as drogas são um tabu, o papel da imprensa num processo de desmistificação se torna ainda mais importante, porque se não, ela acaba fazendo um trabalho inverso, ela presta um desserviço”, explica Caroline Apple, jornalista, redatora e especialista em Cannabis.
Comunicadora com vasta experiência na geração de conteúdo canábico, Carol exemplifica a ambiguidade da própria imprensa em abordar, em determinadas ocasiões, a cannabis medicinal, ao mesmo tempo em que promove insumos que podem colaborar para a manutenção de um discurso proibicionista sobre a planta.
“Porque não se trata apenas de falar sobre a droga e o tráfico. Quando a imprensa entra nesse viés, na verdade, ela está combatendo, indo de encontro aos direitos humanos e à segurança pública.”
E é aí que entra a responsabilidade da imprensa em oferecer uma cobertura jornalística objetiva, ética e precisa, não apenas desmistificando a cannabis, mas também educando o público e promovendo uma compreensão mais completa dos avanços científicos relacionados ao seu uso terapêutico.
Os desafios da imprensa na cobertura da cannabis
Embora a demanda por pautas relacionadas ao uso terapêutico da cannabis tenha aumentado nas redações, isso destacou um desafio para os próprios jornalistas: a necessidade de aprofundamento no universo canábico; necessidade de estudo.
“O jornalista que se propõe a trabalhar com saúde e ciências, ele precisa ter um conhecimento científico, ele precisa se especializar”, enfatiza Carol. E isso vai além, por exemplo, de apenas a leitura de um artigo ou uma pesquisa.
Entender a ciência por trás do uso medicinal da cannabis, o contexto histórico da planta e os seus processos de regulamentação, permite que os jornalistas e demais comunicadores contribuam para uma mudança de perspectiva sobre a cannabis e promovam uma discussão fundamentada e objetiva sobre o assunto.
Além disso, a jornalista ainda destaca os empecilhos relacionados ao próprio uso de termos relativos à planta: “A briga não é semântica, mas passa por ela”.
Para que mais pessoas, hoje, possam ter acesso a esse tipo de saúde, há, por exemplo, a preferência estratégica pelo emprego do termo ‘cannabis’ para indicar o uso terapêutico. Isso porque, a simples menção a palavra ‘maconha’ pode afastar pessoas e até mesmo pacientes em potencial que poderiam se beneficiar do uso clínico da planta.
Ainda que não existam fórmulas mágicas para a solução de tais desafios, o primeiro passo é a instrução e responsabilidade, unindo muito estudo com o conhecimento empírico, que só é possível adquirir quando há a permissão de se envolver verdadeiramente com o universo da cannabis.
Os caminhos da comunicação canábica
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