• Maconha reduz memória de trabalho, segundo estudo

Maconha reduz memória de trabalho, segundo estudo

Published On: 30/01/20253.4 min read

De acordo com a pesquisa, a memória de trabalho doi a área mais afetada pela maconha. Contudo, é possível reverter. Entenda

Um novo estudo publicado no AMA Network Open explorou os efeitos do uso da cannabis ao longo da vida na função cerebral e como isso afeta as tarefas cognitivas.

O  maior estudo do gênero já feito, examinou os efeitos do uso de cannabis em mais de 1 mil  jovens. Todos adultos com idades entre 22 e 36 anos usando tecnologia de imagem cerebral.

Os pesquisadores descobriram que 63% dos usuários assíduos ​​de cannabis ao longo da vida apresentaram atividade cerebral reduzida durante uma tarefa de memória de trabalho, enquanto 68% dos usuários recentes também demonstraram um impacto semelhante.

Consequências

Esse declínio na atividade cerebral foi associado a um pior desempenho na memória de trabalho – a capacidade de reter e usar informações para executar tarefas.

A memória de trabalho permite que uma pessoa siga instruções que acabou de receber, visualize e manipule mentalmente informações, como resolver um problema de matemática, por exemplo.

“Ao fazer isso, podemos fornecer uma compreensão completa dos benefícios e riscos do uso de cannabis, capacitando as pessoas a tomar decisões informadas e compreender completamente as consequências potenciais”, disse o primeiro autor do estudo, Joshua Gowin, PhD, professor assistente de radiologia na Faculdade de Medicina da Universidade do Colorado, no Campus Médico Anschutz da Universidade do Colorado.

No estudo, usuários mais frequentes ​​são considerados pessoas que usaram cannabis mais de 1 mil vezes ao longo da vida. Enquanto que usar de 10 a 999 vezes foi considerado um usuário moderado e menos de 10 vezes foi considerado um não usuário.

Como o estudo foi feito

Os pesquisadores estudaram a resposta neural dos participantes durante uma sessão de ressonância magnética (RM) e deram a eles sete tarefas cognitivas para completar.

As tarefas testaram memória de trabalho, recompensa, emoção, linguagem, habilidades motoras – como tocar um dedo para mapear o controle cerebral, avaliação relacional e teoria da mente.

Os pesquisadores descobriram que a cannabis teve um efeito estatisticamente significativo na função cerebral durante tarefas de memória de trabalho, o que significa que é muito improvável que o impacto observado seja devido ao acaso.

Esse efeito foi visto tanto em usuários recentes quanto em usuários de cannabis ao longo da vida. O impacto foi menos significativo para as outras tarefas.

“Aplicamos os mais altos padrões à nossa pesquisa, definindo limites rigorosos para significância estatística em todos os sete testes de função cognitiva. Para minimizar o risco de falsos positivos, empregamos a correção da taxa de descoberta falsa (FDR).

Apenas a memória de trabalho

Segundo os pesquisadores, enquanto algumas das outras tarefas indicaram potencial comprometimento cognitivo, apenas a tarefa de memória de trabalho mostrou um impacto estatisticamente significativo.

Durante tarefas de memória de trabalho, eles ainda descobriram que o uso excessivo de cannabis parecia reduzir a atividade cerebral em certas áreas do cérebro (córtex pré-frontal dorsolateral, córtex pré-frontal dorsomedial e ínsula anterior).

Essas regiões do cérebro estão envolvidas em funções cognitivas importantes, como tomada de decisão, memória, atenção e processamento emocional.

Reversão

No entanto, Gowin menciona que sua pesquisa também sugere que abster-se de usar cannabis antes de realizar uma tarefa cognitiva pode ajudar a melhorar o desempenho.

“As pessoas precisam estar cientes de sua relação com a cannabis, já que a abstinência abrupta pode atrapalhar sua cognição também. Por exemplo, usuários pesados ​​podem precisar ser mais cautelosos”, diz Gowin.

Ele acrescenta: “Ainda há muitas perguntas para as quais precisamos de respostas sobre como a cannabis impacta o cérebro. Estudos grandes e de longo prazo são necessários para entender se o uso de cannabis altera diretamente a função cerebral, quanto tempo esses efeitos duram e o impacto em diferentes faixas etárias.”