Cannabis medicinal para estresse: benefícios e eficácia

Published On: 20/05/20215.3 min read

De acordo com dados da Isma-BR (Associação Internacional de Gerenciamento de Estresse Brasil), 70% da população já havia apresentado ou possuía sintomas de estresse em 2017, o que conferiu, e ainda confere, ao Brasil o segundo lugar entre os países com mais pessoas estressadas no mundo. 

Entre as alternativas de tratamento estão os canabinoides. Contudo, para entender como a cannabis pode colaborar com a redução do estresse, é necessário entender do que se trata, uma vez que o termo foi “banalizado” diante das responsabilidades e cobranças da vida moderna.

Segundo o site do Hospital Albert Einstein, “estresse é um mecanismo fisiológico sem o qual nem o ser humano, nem os animais teriam sobrevivido”. Portanto, não é uma questão de avaliar os estímulos externos para aferir se o dia foi estressante, e sim como o corpo responde a esses estímulos ao longo do tempo.

Esse cenário de viver em constante luta, como nossos ancestrais, gera sintomas físicos que, em médio e longo prazo, podem adoecer. É como um alerta que o corpo vai dando constantemente para avisar de que algo não vai bem.

Sintomas

O estresse é uma resposta fisiológica e psicológica do corpo a eventos ou situações que são considerados desafiadores. Quando uma pessoa está estressada, o sistema nervoso desencadeia uma reação em cadeia que pode afetar o corpo e a mente. 

A resposta ao estresse envolve a ativação do sistema nervoso simpático, que prepara o corpo para a ação. Isso resulta em um aumento na frequência cardíaca, na pressão arterial e na respiração, além de uma liberação de hormônios do estresse, como o cortisol.

O estresse a longo prazo, contudo, pode ocasionar em sinais como: 

  • Depressão
  • Ansiedade
  • Falha na atenção, memória e concentração
  • Desinteresse
  • Aumento da pressão arterial
  • Dermatites
  • Formigamento nas extremidades
  • Tensão muscular
  • Distúrbios do sono
  • Cansaço constante

Diante de tais alertas que o corpo emite diante da exposição a situações que despertam reações que podem se tornar até mesmo crônicas, a cannabis desponta como uma alternativa no tratamento dos sintomas do estresse e, por consequência, do adoecimento progressivo.

Como a cannabis ajuda a aliviar o estresse?

Embora a relação entre a cannabis medicinal e o estresse continue sendo explorada em pesquisas científicas, existem evidências preliminares de que a cannabis medicinal pode ter benefícios potenciais no tratamento do estresse.

A ciência por trás da relação entre a cannabis e o estresse está relacionada, principalmente, ao papel do Sistema Endocanabinoide (SEC) no corpo humano. Esse sistema desempenha um papel crucial na regulação de várias funções fisiológicas, incluindo o estresse e a resposta ao estresse.

Dessa forma, a cannabis medicinal pode estimular o sistema endocanabinoide e ajudar a promover uma resposta de estresse saudável.

Além disso, estudos mostram que certos compostos encontrados na cannabis, como o CBD (canabidiol), podem ter propriedades ansiolíticas e relaxantes, o que pode ajudar a reduzir os níveis de estresse, uma vez que o canabidiol interage com os receptores de serotonina no cérebro, que desempenham um papel importante na regulação do humor e da ansiedade.

Pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), da Universidade de São Paulo (USP), por exemplo, analisaram estudos e revisões sobre o uso terapêutico dos canabinoides na medicina psiquiátrica.

O resultado foi que o canabidiol apresentou potencial terapêutico como antipsicótico, ansiolítico, antidepressivo. Já o THC demonstrou efeitos ansiolíticos e potencial de tratamento para doenças como a esquizofrenia.

Cannabis x memória

A perda de memória também está associada ao estresse e a cannabis pode ajudar. Ao contrário do que diz os tabus que envolvem a planta quando o assunto é a memória, um estudo mostrou que o THC, em baixas doses, melhora o déficit de memória durante o envelhecimento do cérebro.

Cannabis x doenças de pele

O eczema e psoríase são duas doenças de pele conectadas ao estado emocional do paciente. Os longos períodos de exposição a situações estressantes podem desencadear esses e outros tipos de alterações na pele, como alergias, dermatoses, dermatites, etc. E a cannabis pode trazer um alívio para esse sinal de estresse.

Uma revisão realizada em 2017 por pesquisadores da Universidade do Colorado apontou que os canabinoides CBD, CBG e CBN podem ajudar a reduzir a inflamação, a dor e a coceira em pacientes com eczema, psoríase e outras condições de pele.

Os efeitos da cannabis medicinal no estresse

Alívio dos sintomas físicos do estresse

O estresse crônico pode levar a uma série de sintomas físicos, como dores musculares, fadiga, distúrbios do sono e problemas gastrointestinais. Alguns estudos indicam que a cannabis medicinal pode ajudar a aliviar esses sintomas físicos e promover o relaxamento.

Melhoria do bem-estar emocional

O estresse crônico também pode afetar negativamente o bem-estar emocional de uma pessoa, levando a ansiedade e depressão. Alguns estudos sugerem que a cannabis medicinal pode ajudar a melhorar o estado de ânimo e promover uma sensação de calma e relaxamento.

Eficácia da cannabis medicinal no tratamento do estresse

Embora haja um crescente interesse na utilização da cannabis medicinal para o estresse, é importante considerar a eficácia com base em pesquisas científicas sólidas. 

Atualmente, a pesquisa sobre a eficácia da cannabis medicinal no tratamento do estresse é limitada. Alguns estudos sugerem que a cannabis medicinal pode ter um efeito positivo na redução do estresse, enquanto outros resultados são menos conclusivos. Mais pesquisas são necessárias para compreender completamente seus efeitos no estresse.

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Cannabicast, podcast desenvolvido pela Cannect, convida a Dr.ª Ana Hounie (Psiquiatra, Pós-doutorado pela FMUSP, membro do conselho consultivo da APMC), para explicar como os canabinoides têm sido empregados no tratamento das patologias associadas a saúde mental, desde a história por trás dos principais estudos até os cuidados que devemos ter no acompanhamento destes pacientes. Escute aqui!