Cannabis e melatonina: Como podem contribuir com o seu sono?

Published On: 11/10/20225.6 min read

Cerca de 73 milhões de brasileiros sofrem de insônia, de acordo com a Associação Brasileira do Sono (ABS). Ela é também a principal queixa entre pessoas que sofrem algum distúrbio do sono, e está a frente até do ronco.

E a realidade daqui para a frente também não é boa, estima-se que 30% a 40% da população terá insônia em algum momento da vida.

Felizmente a cannabis tem sido cada vez mais usada (inclusive no Brasil), para o tratamento da condição.  

Então ela pode substituir a melatonina?

O que é Melatonina?

Antes de tudo, é importante entender do que se trata. A melatonina é um hormônio produzido pela glândula pineal do nosso cérebro. Ela é liberada quando as luzes começam a diminuir ou quando começa a escurecer. 

Com a claridade que vem pela manhã, o hormônio começa a ser reduzido, o que diminui o sono. Contudo, não é incomum que a melatonina fique desregulada, o que faz com que as pessoas sintam um excesso de sono ou insônia. 

Multifatores

A melatonina pode ser recuperada através de suplementos alimentares sintéticos ou naturais, que imitam os efeitos do hormônio. 

Por outro lado, isso pode não ser o suficiente, uma vez que a insônia é causada por multifatores, por exemplo:

  • Aguda. Ocasionada por estresse, ansiedade, problemas de trabalho, problemas familiares e até situações desagradáveis, ela costuma ser esporádica;
  • Crônica. A insônia mais persistente atinge de 30% a 50% da população e é causada principalmente por problemas de saúde;
  • Fatores Externos. Alguns eventos externos também podem influenciar a insônia, como luminosidade, eletrônicos, barulho e até a temperatura do ambiente. 

Apenas em algumas situações

Por isso, a melatonina como suplemento só deve ser prescrita em pequenas situações, como distúrbios do sono do ritmo circadiano. 

Isso ocorre quando há uma mudança no ciclo biológico de uma pessoa, em que o sono não segue mais o ritmo convencional normal durante a noite.  

Fator que pode acontecer com pessoas que precisam trocar o dia pela noite para trabalhar ou idosos, que naturalmente perdem o nível de melatonina conforme vão envelhecendo.

Se esse for o seu caso, é importante destacar que a dose adequada vai depender de cada pessoa. Contudo, de acordo com a ABS, a dose inicial recomendada é de a é de 1 a 2 mg/kg ao deitar.

Auxílio também no jet lag 

A melatonina também pode ser útil em distúrbios momentâneos do sono, o famoso jet lag. Isso é bastante comum quando alguém viaja para outro lugar em que o fuso horário é diferente, o que acaba desregulando o sono. 

Ou então, a baixa concentração e fadiga, que também podem confundir o relógio biológico. 

Por essa razão, a melatonina como suplemento pode ser uma alternativa, pois desativa os neurônios que mantêm alguém alerta e acordado, auxiliando o corpo a relaxar e induzir o sono.

Cannabis medicinal como substituição

Como dito anteriormente, a melatonina pode ser útil apenas em algumas situações. Por outro lado, a cannabis pode ser uma opção mais ampla e efetiva.

A cannabis funciona através do chamado sistema endocanabinoide, um sistema presente em várias áreas do organismo.  O próprio corpo produz canabinoides, que através de receptores, ajuda a restaurar a homeostase ou seja o equilíbrio das funções.

Se uma pessoa está com febre, por exemplo, os canabinoides podem ser úteis para restaurar a temperatura corporal. 

A cannabis também possui canabinoides, que podem atuar de forma bem parecida com os nossos.

Como a cannabis influencia o sono?

A cannabis pode ser mais efetiva, porque  possui propriedades relaxantes e terapêuticas e que também auxilia em outras condições como ansiedade, depressão e estresse, causas comuns que provocam insônia. 

Vários estudos clínicos já testaram o tratamento alternativo, e as descobertas são sempre positivas.

Em abril de 2020, por exemplo, uma pesquisa publicada no periódico Experimental and Clinical Psychopharmacology, mostrou que a cannabis pode ser eficaz no tratamento da insônia crônica.

A pesquisa mediu os efeitos a partir do Índice de Gravidade da Insônia (IGI), que calcula o tempo total de sono, a sua qualidade, a sensação de descanso no dia seguinte e a hora que as pessoas conseguem dormir.

O estudo foi feito pela Universidade da Austrália Ocidental com 23 voluntários por 14 noites. Metade deles recebeu uma dose da planta e a outra metade recebeu um placebo, porém ninguém sabia o que tinha sido administrado.

O resultado foi uma melhora de 36% em voluntários que receberam a cannabis.

Outra pesquisa publicada no Journal of Psychopharmacology em 2014,mostrou que o canabidiol pode aumentar o tempo do sono e o tetraidrocanabinol(THC) a sua latência.

Há evidências também da ação dos dois elementos juntos na redução do transtorno do estresse pós-traumático, o que consequentemente pode influenciar na hora de ir dormir.

No entanto, a pesquisa também mostrou que o THC pode prejudicar a qualidade do sono a longo prazo. 

Posso misturar cannabis com melatonina?

Infelizmente não há estudos que possam garantir uma resposta. Talvez a melhor coisa neste caso, seja buscar a ajuda de um profissional para uma melhor orientação. 

Embora, seja importante destacar que o CBD por si só já causa sonolência. Então, a junção dos dois pode provocar ainda mais sono. 

Ação em conjunto

Por outro lado, há produtos de Canabidiol feitos com melatonina para auxiliar os pacientes. Isso porque, na medida certa, os dois podem desempenhar papéis diferentes. Enquanto a melatonina promove um ciclo natural entre dormir e acordar, o CBD proporciona uma sensação de bem estar e relaxamento. 

De acordo com a empresa MedTerra, fabricante de produtos à base de cannabis que possui uma opção com melatonina em seu portfólio, Dos 114 clientes Sleep Tight pesquisados: 98,23% relataram ter um sono melhor 86,73% relataram adormecer mais rápido, 86,73% relataram acordar sentindo-se revigorados. 

Sem dúvidas, mais estudos são necessários para investigar a ação conjunta de CBD e melatonina.

Procure um médico

No entanto, é importante lembrar que cada pessoa tem uma genética única, por isso, os canabinoides podem agir de formas diferentes. Por isso é sempre importante consultar um médico antes de iniciar o tratamento. 

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