Anandamida: conheça a “cannabis do cerebro” e como ela atua
Há quase 30 anos, a equipe do professor israelense Raphael Mechoulam descreveu e nomeou o que podemos de chamar de “maconha do cérebro”, a anandamida, uma substância que produz efeitos analgésicos, ansiolíticos e antidepressivos. Esses efeitos conferidos pela anandamida se assemelham aos do canabinoide THC (Tetrahidrocanabinol), o composto psicoativo da Cannabis, responsável por dar a “alta”.
A anandamida também é conhecida como “substância da felicidade”. Ananda significa, em sânscrito, “felicidade suprema”. Diante dos efeitos dela, os pesquisadores a batizaram com esse nome.
Essa substância endógena produzida pelo cérebro, a partir do metabolismo de um tipo de ácido graxo, o ômega 6, pode ser estimulada para que seus níveis sejam aumentados, potencializando os benefícios no cérebro. Ela faz parte do Sistema Endocanabinoide e se conecta com os receptores canabinoides, o CB1 e o CB2, atuando no sistema nervoso central e periférico, respectivamente.
Por atuar nesses sistemas, a anandamida age na regulação de funções psicológicas e fisiológicas como a memória, a atividade cardíaca, o sono, a ansiedade, o apetite, o estresse e a depressão. Os canabinoides seriam aliados dessa substância, ajudando na modulação dos sistemas e combatendo o surgimento de diversos tipos de problemas de saúde e promovendo efeito terapêutico quando a doença ou distúrbio se apresentam.
Um dos estudos do professor Raphael Mechoulam e sua equipe estudou os efeitos da anandamida na ingestão de alimentos e função cognitiva em camundongos.
Outro exemplo de estudo que mostra os efeitos benéficos da substância no cérebro é em caso de tratamento de TEPT (Transtorno Pós-Traumático).
Um estudo realizado em camundongos por pesquisadores da Universidade de Leiden, na Holanda, publicado na revista Nature Chemical Biology, apontou a anandamida pode colaborar com o esquecimento de lembranças traumáticas.
Dores neuropáticas causadas por complicações da diabetes também podem sofrer influência da anandamida, principalmente em casos refratários (aqueles que não respondem aos tratamentos convencionais).
O estudo realizado em camundongos diz que “os resultados demonstraram propriedades antinociceptivas (que anulame ou reduzem a percepção e transmissão de estímulos que causam dor) de amplo espectro dos canabinoides em um modelo de neuropatia diabética dolorosa quando administrados perifericamente. A ativação periférica dos receptores canabinoides CB1 e CB2 parece mediar o efeito antinociceptivo da anandamida.”
Portanto, a ciência têm mostrado evidências do poder terapêutico da anandamida no organismo e como a Cannabis pode estimular essas moléculas, colaborando com a automodulação do organismo e tratando doenças dos mais diversos aspectos e origens.
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