Uso da cannabis no tratamento da epilepsia

No Brasil, a primeira vez que a cannabis fez parte de um tratamento e recebeu destaque nacional, foi no caso de uma criança de 5 anos diagnosticada com a síndrome de dravet, uma doença rara que se manifesta como uma epilepsia grave e incapacitante. Ao incorporar a cannabis no tratamento da epilepsia, o CBD, componente presente na planta, conseguiu zerar as convulsões, que chegavam a 80 por semana.
Com muita luta, a família conseguiu a primeira autorização para importar o CBD legalmente e utilizá-lo no tratamento dela.
Essa história, abriu precedentes para que outras famílias brasileiras conhecessem a eficácia do CBD e buscassem nele a oportunidade de devolver o bem-estar aos que também sofriam com diferentes tipos de epilepsia.

Como a cannabis pode ajudar?

Muitas pessoas que sofrem com epilepsia e outros distúrbios convulsivos encontraram na cannabis uma solução efetiva para controlar as crises, seja tomando-a isoladamente (através de óleos, por exemplo) ou em conjunto com outros medicamentos. Isso porque a epilepsia é altamente responsiva às substâncias presentes na cannabis.

O sistema endocanabinoide está presente em todo o corpo humano. Ele é responsável por regular uma variedade de processos fisiológicos e cognitivos. Os canabinoides (componentes presentes na cannabis) se comunicam muito bem com esse sistema por conta de sua semelhança com as substâncias que o próprio corpo produz (os endocanabinoides).

O CBD (canabidiol) é um canabinoide não-psicoativo. E há anos tem sido estudado e utilizado, inclusive em crianças, para proporcionar efeitos terapêuticos capazes de mitigar diferentes sintomas em muitas doenças. No caso da epilepsia, ele age como um poderoso anticonvulsivo.

Quando uma pessoa sofre uma convulsão, há uma quantidade excessiva de atividade elétrica no corpo. O canabidiol interage naturalmente com os receptores endocanabinoides do corpo e silencia esse excesso. Se trata de um mecanismo de ação relativamente único, que não é compartilhado por nenhum dos medicamentos de convulsão existentes no mercado hoje. Além de diminuir as convulsões, os benefícios do CBD no tratamento da epilepsia, incluem o aumento do estado de alerta, melhora no humor e também da qualidade do sono.

Sobre a epilepsia

A epilepsia é uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro. Geralmente, é fruto de pequenas lesões cerebrais. Essas cicatrizes têm origens diversas como predisposição genética, malformações, acidente vascular cerebral e traumas durante ou depois do parto. Mas a consequência delas é semelhante: de tempos em tempos, os neurônios disparam várias descargas elétricas que resultam em perda de consciência súbita e movimentos involuntários.

Em certas situações, não é possível especificar a causa do problema – a massa cinzenta até parece estar normal, mas as convulsões persistem.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, até 1% da população global (aproximadamente 50 milhões de pessoas) sofre com essa enfermidade. No Brasil, a doença afeta quase 3 milhões de pessoas, sendo que metade delas são crianças.

Quais são os sintomas?

Os sintomas da epilepsia são variados e podem incluir:

• Desmaio
• Fadiga
• Contrações musculares rítmicas
• Espasmos musculares
• Formigamento
• Amnésia
• Confusão mental
• Medo
• Convulsões
• Ansiedade
• Dor de cabeça
• Paralisia temporária após uma convulsão
• Sonolência

Quais são os tratamentos?

O tratamento da epilepsia pode ser difícil porque cada caso é único. As convulsões e os sintomas variam de pessoa para pessoa. As crises são muitas vezes controladas com o uso de drogas medicamentosas, como anticonvulsivos. Alguns pacientes com epilepsia tomam vários medicamentos diferentes para criar uma combinação que controle efetivamente as crises.