O canabidiol realmente ajuda pacientes com TEA?

Published On: 17/07/20244.6 min read

Nos últimos tempos, houve um crescimento do uso da cannabis medicinal para o tratamento de TEA (Transtorno de Espectro Autista). O remédio tem se destacado como uma ajuda para amenizar os sintomas sem tantos efeitos colaterais como os medicamentos tradicionais.

Mas será que a cannabis realmente ajuda pacientes com autismo? Há evidências que comprovem que o CBD (canabidiol) realmente funciona?

Para falar sobre isso, conversamos com o pediatra e professor da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Ronaldo José de Oliveira Correa, que nos ajudou a entender melhor como funciona este tratamento. 

O médico explica que há remédios mais comuns para tratar os sintomas, como o Risperidona. A cannabis é usada quando o paciente não tem melhoras consideráveis ou não se adapta aos remédios convencionais.

“Há pacientes que têm muitos efeitos adversos, como sonolência, crescimento das mamas e às vezes transtornos gastrointestinais que impedem a continuidade(dos remédios comuns). Nesses casos, o CBD pode ser uma ótima opção”, exemplifica.

Perfil dos pacientes que usam Canabidiol

O Dr. Ronaldo ainda acrescenta que há um “perfil” de pacientes que utilizam o CBD. Geralmente são crianças que costumam se colocar em risco ou eventualmente ter comportamentos que podem prejudicar a qualidade de vida não só deles, mas também da família. 

Também pacientes mais agitados, crianças com déficit de atenção, com problemas para dormir  e que têm dificuldades de comunicação. “Estes são justamente os quatro sintomas que a gente consegue ver uma melhora maior. Tanto na literatura quanto na prática”, acrescenta.

Há evidências científicas sobre o uso do CBD no autismo?

O médico destaca que o CBD ainda não é a primeira opção, mas só é usado quando outros tratamentos não funcionam. Isso acontece porque há mais evidências robustas com remédios tradicionais do que com a cannabis. 

Mas isso não quer dizer que não há estudos sobre o tratamento do TEA com o CBD. Na verdade, há uma quantidade considerável de pesquisas que mostram os benefícios da cannabis para os sintomas mencionados.

Como por exemplo, um artigo publicado na revista científica Nature. No estudo, 188 pacientes de TEA foram tratados com a cannabis medicinal por dois anos (2015-2017). Os resultados foram uma melhora dos sintomas em mais de 80% dos pacientes. 

“Todos os estudos que eu analisei, chegam a mais ou menos a mesma conclusão. Aproximadamente, 60% a 70% dos pacientes apresentam melhoras em pelo menos um dos critérios que foram avaliados no estudo”, acrescenta.

As pesquisas realizadas até agora, ainda mostram poucos ou nenhum efeito colateral. Por outro lado, ainda são menores, ou seja, não são tão elaboradas com um padrão farmacêutico como deveriam ser. 

Como é feito o tratamento de autismo com CBD?

O médico explica que a cannabis funciona de formas diferentes das medicações tradicionais. Por isso, é necessário ter um acompanhamento contínuo até achar a dose ideal.

“Geralmente a gente introduz uma dose pequena e vai fazendo o aumento progressivo da dose até atingir uma resposta adequada. Uma vez que a gente atinge essa resposta terapêutica, é a dose que a gente mantém”, elucida.

Para pessoas mais sensíveis ou com restrições, o gosto ou a textura do óleo podem ser um empecilho. Mas há formas de contornar essa situação, como a administração junto com outras comidas, bebidas, como achocolatado ou iogurte. 

Há ainda, opções de óleos com sabores diferentes e até aromatizados, que também podem ser uma opção. 

Quanto tempo para o canabidiol fazer efeito?

O pediatra explica que não demora muito. Em questão de duas semanas aproximadamente, os pais já percebem uma melhora. “Os pacientes ficam menos agitados, a comunicação também melhora. Eu também escuto muito das mães que há uma mudança na escola”, diz. 

A melhora também costuma aparecer nas terapias. As crianças costumam ter uma adesão maior às atividades propostas.

Melhora a longo prazo

O Dr. Ronaldo acrescenta que a cannabis medicinal ainda pode ser uma aliada ao paciente autista a longo prazo. Quando combinado ao tratamento não medicamentoso, o uso pode fazer toda a diferença na independência do indivíduo. 

“Quando essa criança fica menos agitada e presta mais atenção, a socialização passa a ser mais fácil para ela. E isso permite que no ambiente de casa, na escola, nas terapias e no dia-a-dia, ela tenha um aproveitamento melhor. É como se a cannabis abrisse portas e ventilasse o ambiente para que essas situações se tornem situações de aprendizado como uma maior facilidade”, acrescenta.

Dessa forma, ao longo do tempo, isso pode facilitar a aprendizagem, a usabilidade e adequação da criança, trazendo mais capacidades funcionais no futuro. 

CBD para pacientes autistas adultos

Apesar de pediatra, o médico também atende autistas adultos a controlar os sintomas. Como são pessoas com níveis mais leves, o médico acrescenta que as melhoras costumam ser subjetivas. 

“Questões sensoriais como sons, odores e estímulos visuais, passam a incomodar menos os meus pacientes”, acrescenta.

O médico também acrescenta que os seus pacientes relatam uma melhora na interação social depois de começar a usar a cannabis medicinal.

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