40 universidades já pesquisam sobre cannabis no Brasil

Os resultados tendem a ser ainda maiores nos próximos anos devido a demanda do mercado e de incentivos criados por lei

Que o Brasil é um dos principais produtores de pesquisas sobre as substâncias da cannabis do  mundo, não é novidade. Mas segundo o novo anuário da Kaya Mind, houve aumento no número de instituições autorizadas a pesquisar. 

Hoje, 40 instituições possuem autorização para conduzir estudos com cannabis em 13 estados diferentes. Embora a maioria ainda esteja concentrada nas regiões sudeste e no sul do território nacional.

O aumento pode ser ainda maior nos próximos anos devido aos incentivos à pesquisas, previstos em lei. Até o momento, quase 20 estados já possuem legislação sobre cannabis que incluem o estímulo a estudos com a planta.

Crescimento expressivo

Desde 2015, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) já aprovou 89 autorizações para pesquisas direcionados a 72 projetos. 17 deles já ultrapassaram o prazo limite e tiveram que ser renovados.  

Mas a chamada Concessões de Autorizações Especiais Simplificadas para Estabelecimentos de Ensino e Pesquisa (AEP), emitida pela agência, teve um aumento expressivo desde 2022, com a aprovação da RDC 659/2022 que permitiu a importação da matéria-prima. 

Só no ano da aprovação, 18 instituições conseguiram o direito, enquanto 2 renovaram as concessões. Até a metade de 2024, mais seis instituições de ensino solicitaram o direito de pesquisa à agência e outras duas também fizeram a renovação. 

A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) lidera o ranking de pesquisas com sete estudos, seguido da Unesp (Universidade Estadual Paulista) com cinco. 

Já a UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), UFSJ (Universidade Federal de São João del Rei), a Unila (Universidade Federal da Integração Latino-Americana) e a USP (Universidade de São Paulo) dividem a terceira posição com três estudos cada. 

Crescimento dos cursos de cannabis

Com o crescimento dos estudos sobre cannabis também houve um aumento do número de cursos sobre a planta. Inclusive a inclusão do Sistema Endocanabinoide em algumas matérias de cursos de graduação.

Segundo o levantamento, existem ao menos 180 cursos disponíveis sobre cannabis, que são direcionados à área da saúde, de mercado e até de cultivo. A maioria ainda são feitos para médicos, o principal gargalo do país.

Cursos que são oferecidos por 88 plataformas e instituições diferentes, com valores que variam entre R$80 e R$7.992. Alguns chegam a ser gratuitos. 

Aumento de publicações ao longo dos anos

 O novo anuário da Kaya Mind também mostrou o que muitos pesquisadores já estavam percebendo ao explorar as descobertas sobre a cannabis no mundo todo: um aumento considerável no número de publicações de artigos sobre o tema.

De acordo com o levantamento, o site Pubmed já divulgou 1.710 estudos relacionados à cannabis nos últimos 10 anos. Trata-se de um acervo gratuito oferecido pela Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos de publicações científicas da área da saúde.

Artigos que têm explorado várias abordagens, como saúde mental, redução de danos,  a prevenção entre jovens e adolescentes e até a relação e interação da cannabis com outras substâncias, como álcool, tabaco, opioides e outras drogas.

 Por outro lado, neste ano também houve um aumento de estudos sobre a performance física, que visam compreender como a cannabis pode afetar ou interferir em atividades rotineiras, práticas de esporte e capacidade motora/física.

Perfil das pesquisas

O levantamento também abordou os tipos de pesquisas publicadas e concluiu que 62% dos artigos foram testes controlados e aleatórios (ECA). Outros 26% eram meta-análises e apenas 12% eram estudos clínicos. 

A pesquisa ainda demonstrou que houve um interesse em investigar canabinoides menores. No total, 12% dos artigos falavam de outras substâncias da cannabis além do CBD (canabidiol) e o THC (tetrahidrocanabinol). 

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