Cannabis para o tratamento de Lúpus 

Published On: 26/07/20228.1 min read

A cannabis tem sido uma alternativa para o tratamento de uma série de condições médicas, inclusive doenças autoimunes. 

Embora precise de mais estudos, há pesquisas que apontam a influência da cannabis em condições relacionadas ao sistema imunológico, principalmente ligadas a inflamações como o lúpus.

A condição não é uma doença muito incomum. 

De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, a condição afeta aproximadamente 65 mil brasileiros e principalmente mulheres (cerca de 1 em cada  1,7 mil).

Contudo, o diagnóstico não é muito fácil, pois não há exames próprios para detectar a doença. 

Ele ganhou mais destaque nos últimos anos, depois que artistas como Selena Gomez e Lady Gaga revelaram ter a doença.

O que causa o lúpus?

Trata-se de uma condição inflamatória autoimune, ou seja, causada pelo organismo que ataca os próprios tecidos ou órgãos do corpo. No caso do lúpus, principalmente a pele. 

É uma condição difícil de tratar. A doença é crônica e não tem cura, por isso, a maioria dos tratamentos é direcionada para reduzir os danos e as dores nos órgãos, além de controlar as crises e regular o sistema imunológico.

Sintomas

Os sintomas mudam de acordo com cada pessoa e podem variar entre manchas na pele, áreas avermelhadas, inchaço, cansaço, dores nas articulações, feridas, desconfortos, entre outros. Mudanças que também dependem do tipo da doença, como:

LES (Lúpus eritematoso sistêmico)

Além das manchas na pele, ela também pode apresentar lesões ocasionadas por exposição à luz solar, que quando cicatrizam, deixam manchas na pele. 

A condição também é reumática, ou seja, afeta as articulações, provocando rigidez e dores nas juntas. 

Além disso, esse tipo de lúpus pode afetar processos inflamatórios no coração e na membrana que envolve o pulmão.  Em metade dos casos ainda apresenta inflamações nos rins.

Lúpus discoide ou cutâneo

A principal característica são as manchas avermelhadas redondas e com algum relevo. Elas são mais comuns no rosto, na orelha e no couro cabeludo, mas também podem aparecer em outras partes do corpo expostas pelo sol.

Como no primeiro caso, quando as manchas se cicatrizam,elas deixam marcas no corpo. 

A estimativa é a de que 5% a 15% dos pacientes com essa condição migrem para o lúpus sistêmico, quando a doença atinge outros órgãos além da pele. 

Lúpus induzido por medicamentos

Aqui, os sintomas são muito parecidos com o lúpus cutâneo. Também conhecido como LID (Lúpus Induzido por Drogas), a doença é uma reação a medicamentos.

O desenvolvimento pode levar anos ou dias, tudo vai depender do organismo de cada um. 

Lúpus neonatal

O LEN (Lúpus Eritematoso Neonatal) é causado pela transmissão de anticorpos autoimunes da mãe para o filho. Essa é uma condição rara que causa lesões na pele do bebê, geralmente com dois ou três meses de vida, mas que desaparecem depois de alguns meses.

Diagnóstico

Como dito, o diagnóstico do lúpus não é fácil. Por causa da variedade de sintomas que mudam de acordo com cada pessoa, a doença pode ser facilmente confundida com outras condições. 

Por isso, é necessário uma série de exames para identificar o Lúpus, como: 

  • Exame físico;
  • Hemograma completo;
  • Exame de urina;
  • Radiografia do Tórax;
  • Biópsia renal;
  • Exame de anticorpos. 

Há tratamentos?

A principal forma de tratamento é o uso de corticoides, que podem ser aplicadas através de injeções ou na forma de tópicos. 

Em casos mais leves, a condição ainda pode ser tratada com anti-inflamatórios não esteroides e outros fármacos. 

A mudança de hábitos também é fundamental para prevenir a resposta imune, como a exposição ao sol. 

Já em casos mais agressivos, é necessário a utilização de  fármacos citotóxicos, usados para causar disfunção celular. O que, consequentemente, pode provocar efeitos colaterais severos. 

Já no caso do lúpus por medicamentos, a simples interrupção da medicação já resolve a questão. Contudo, isso pode levar meses. 

Falta de informação

Contudo, o déficit de informação é a principal dificuldade de lidar com a doença. Falta tanto estudos aprofundados para direcionar os profissionais da saúde, quanto o conhecimento das pessoas. 

Muitos indivíduos ainda acreditam que a doença é contagiosa ou um tipo de câncer, por exemplo. O que não é verdade. 

As dúvidas aparecem porque as causas ainda são desconhecidas. Para os médicos, a condição é ocasionada por uma série de fatores combinados, como infecções, genética, hormônios e até questões ambientais.

Com o avanço da ciência, cerca de 80% das pessoas permanecem vivas 15 anos após a condição. Contudo, caso não seja tratada adequadamente, pode matar. 

Cannabis como tratamento para doenças autoimunes

Quando o nosso sistema imunológico está funcionando corretamente, ele luta  contra possíveis ameaças e doenças.

Quando ficamos doentes, as células deste sistema criam uma espécie de memória que ajuda o corpo a se lembrar daquela de um ataque e agir de forma mais rápida.

Segundo uma pesquisa realizada em 2019, vários estudos apontam que a cannabis tem uma ação anti-inflamatória e imunossupressora.

O Canabidiol (CBD), por exemplo, é capaz de suprimir as funções de citocinas, quimiocinas e células T, que são responsáveis por identificar e destruir células infectadas, modular a resposta celular e regular inflamações.

Cannabis como tratamento para o lúpus

Dessa forma, a cannabis tem sido uma grande aposta para doenças autoimunes, como o lúpus. 

A sua ação anti-inflamatória também é de grande ajuda na rigidez e dores nas articulações causadas pelo lúpus sistêmico. 

Outra vantagem são os poucos efeitos colaterais em comparação com o tratamento convencional. 

Inclusive, esse é um dos motivos pelo qual os médicos estão optando pela cannabis. Na maioria das vezes, os efeitos são resumidos a dor de cabeça, sonolência e tontura. 

Sistema endocanabinoide

É importante destacar que a cannabis funciona através do Sistema Endocanabinoide. Um sistema do organismo que regula várias funções do corpo em nível molecular, como fome, sono, humor, sistema nervoso e, claro, sistema imunológico.

Através de receptores espalhados pelo organismo, os chamados canabinoides, moléculas desenvolvidas pelo próprio corpo, ajudam a restaurar o equilíbrio das funções. A cannabis também possui canabinoides, por isso é útil no combate de tantas doenças.

Estudos

De acordo com um estudo desenvolvido em Roma, há sinais significativos de que a regulação desse sistema tem um importante papel na resposta ao lúpus, o que pode ser bastante útil para um tratamento à base de canabinoides.

Outra pesquisa realizada na Universidade da Carolina do Sul, nos Estados Unidos, apontou que um canabinoide sintético teve efeitos positivos no combate à doença. 

Outro estudo desenvolvido pela mesma universidade mostrou que a cannabis pode ser de grande ajuda em condições autoimunes em que a inflamação é muito presente. Isso porque os canabinoides da planta podem reprimir algumas funções imunes, como a inflamação. 

Mais uma pesquisa realizada em 2009 mostrou que o CBD inibe a proteína inflamatória  interleucina-2 ao mesmo tempo que estimula o aumento das proteínas anti-inflamatórias interleucina-10.

O canabidiol ainda inibe a interleucina-6, uma proteína associada a doenças autoimunes.

Vantagens

Além de anti-inflamatório e imunossupressor, o canabidiol não produz dependência, pois o composto que pode causar o efeito é o Tetrahidrocanabinol (THC). Contudo, o uso controlado da substância também não gera vício. 

A cannabis também pode ajudar na redução da dor, inclusive dores não tratáveis e parcialmente tratáveis, pois além de anti-inflamatório também promove efeitos analgésicos. 

Cuidados

Contudo, é importante lembrar que ainda não há estudos suficientes que comprovem a eficácia do tratamento canábico para lúpus diretamente. 

O que temos até agora são relatos de casos de pessoas que testaram a cannabis como tratamento e tiveram resultados positivos e pesquisas mais robustas nos efeitos da planta no tratamento de dores crônicas e doenças autoimunes em geral, por conta da ação no sistema imunológico.

Como por exemplo, um estudo apresentado na Lúpus Corner. Embora não tenha sido focado na doença, ele revelou que setecentos e oitenta e um indivíduos utilizaram o CBD para vários motivos, inclusive para Lúpus.

Mas, 83% dos pacientes que trataram os sintomas da condição, relataram que recomendariam a cannabis para outros pacientes. 

Como usar a cannabis para tratar lúpus

A cannabis pode ser administrada de diferentes formas, que vão desde a ingestão via oral, nasal até o uso tópico. 

No Brasil, os produtos podem ser adquiridos de duas maneiras:

  • Importação

Desde 2015 é possível importar de forma legal. Você só precisa ter uma receita médica e uma autorização da Anvisa.

  • Farmácias

Aqui, o processo é mais simples ainda. Basta ter uma prescrição e ir até a drogaria. 

Comece um tratamento com a cannabis

Caso não saiba como ter acesso, temos uma equipe especializada que pode te ajudar a encontrar o melhor caminho para usar a cannabis medicinal. Saiba mais e veja se a cannabis é uma opção de tratamento para o seu paciente.