É necessário aprender sobre cannabis para prescrever?
O uso de cannabis medicinal cresceu de forma considerável no Brasil. Seja através das importações, da compra nas farmácias e até por associações, o número de pessoas que estão optando pelo tratamento é maior a cada ano.
E os pacientes utilizam produtos feitos com a planta para uma variedade de condições médicas, como ansiedade e autismo, Parkinson, Insônia, Dores Crônicas, Fibromialgia, depressão, endometriose e até para conter os efeitos colaterais da quimioterapia.
Embora existam pomadas, cremes, gummies, adesivos e as próprias flores in natura, a forma mais comum de utilizar a cannabis medicinal é através do óleo. Com os efeitos colaterais mínimos e a prescrição legal no Brasil, não há tantas dificuldades em receitar cannabis.
Dessa forma, é necessário aprender sobre cannabis para começar a prescrever?
A resposta é sim. Ao contrário do que muitos pensam, a cannabis medicinal não é como qualquer outro remédio genérico, em que há uma fórmula certa para a administração. Os seus efeitos também não são os mesmos de uma dipirona, por exemplo.
Enquanto o remédio para febre é administrado com um comprimido de seis em seis horas, o uso do óleo de cannabis vai depender de uma série de fatores para funcionar, como:
A condição tratada. Como dito acima, a cannabis medicinal pode ser útil para uma série de condições médicas, mas não é qualquer óleo que vai funcionar para qualquer patologia. O CBD (canabidiol), por exemplo, possui propriedades ansiolíticas, neuroprotetoras e calmantes, que podem ser úteis para condições como insônia, ansiedade, autismo e doenças convulsivas.
Já o THC (tetrahidrocanabinol), conhecido por gerar a famosa “alta” da maconha, é utilizado em concentrações maiores para o tratamento de problemas como dores crônicas, fibromialgia, Alzheimer e Esclerose Múltipla, pois se conecta muito bem ao sistema nervoso.
Leia também: Qual o papel do enfermeiro em um tratamento com cannabis?
Dose diferenciada. Já se perguntou o porquê do consumo do óleo é mais frequente do que as outras formas de administração? Há um motivo bem simples: a dosagem. Diferente dos remédios convencionais, não há um padrão de dose como a dipirona. Cada paciente vai se adaptar de uma forma diferente.
Há pessoas que são mais resistentes e precisam de uma quantidade maior, por exemplo. Já outros, pequenas gotas já bastam. Há profissionais que demoram meses para encontrar a dose ideal do seu paciente.
Isso sem contar que, alguns vão precisar de concentrações maiores de CBD, de THC ou até mesmo dos dois. Outros já serão sensíveis ao THC e precisarão de formulações isoladas ou de espectro amplo.
Sistema Endocanabinoide
Para prescrever cannabis, é necessário também entender sobre o chamado Sistema Endocanabinoide. Descoberto na década de 1970 pelo israelense Raphael Mechoulam, trata-se de um sistema celular do corpo que ainda é pouco ensinado nas universidades.
Através de receptores, este sistema está programado para regular a homeostase, ou seja, o equilíbrio de boa parte do corpo humano. Para se ter uma ideia, o Sistema Endocanabinoide influencia o Sistema Nervoso, Imunológico e algumas áreas do cérebro, como o humor, a fome e o sono.
Através de receptores, o seu papel é sinalizar quando algo está errado. Se uma pessoa está com dor, por exemplo, ele envia moléculas chamadas endocanabinoides, como a própria anandamida, para restaurar o equilíbrio.
Apesar de ser um neurotransmissor, a substância também é considerada um endocanabinoide.
O papel da cannabis
A cannabis também possui substâncias como estas, como o CBD e o THC, por exemplo, que são chamadas de fitocanabinoides. E é por causa destes compostos que a planta pode ajudar em tantas condições médicas diferentes.
Inclusive, o próprio Sistema Endocanabinoide só foi descoberto após as investigações da influência da cannabis no organismo humano.
Embora o CBD e o THC sejam os mais conhecidos, a planta também possui mais de 100 outros fitocanabinoides que também podem ser usados para condições específicas. O THCV (tetrahidrocanabivarina), por exemplo, é bastante usado para inibir o apetite. Enquanto o CBG (canabigerol) pode ser usado para glaucoma.
Aprender a utilizar os canabinoides da cannabis pode ser a chave para tratar de forma eficaz várias condições médicas dos pacientes.
Dessa forma, é necessário sim aprender sobre cannabis para só então começar a prescrever.
Aprenda de graça
Caso você ainda esteja na graduação ou mesmo na pós-graduação, a Dr. Cannabis está ofertando o curso Cannabis Medicinal do Zero de forma 100% gratuita.
O curso é voltado não só para médicos e estudantes de medicina, mas também para qualquer profissional da área da saúde.
Aqui você irá aprender sobre:
- Farmacologia dos canabinoides;
- Aplicação Clínica;
- Ética na prática clínica;
- História e Legislação.
O curso é 100% online com aulas ao vivo e gravadas. Por isso, podem participar pessoas de todo o Brasil e o curso também vale para horas complementares.
E então, vai ficar de fora dessa? Corre, porque é por tempo limitado!