O que é necessário saber antes de prescrever cannabis?

Published On: 16/02/20245.1 min read

Ao longo dos anos, o uso da cannabis medicinal cresceu no Brasil e no mundo. Só no ano passado, mais de 430 mil pacientes utilizaram a terapia canabinoide como tratamento no país, segundo um levantamento da Kaya Mind. 

Hoje, os produtos derivados da planta são usados para as mais variadas condições médicas, que vão desde problemas da mente, como ansiedade e depressão, até condições neurológicas, como Parkinson e epilepsia

Contudo, diferente dos medicamentos tradicionais, o óleo e outros produtos feitos de cannabis não funcionam da mesma maneira em todo mundo. Para encontrar uma dosagem específica, por exemplo, pode levar meses. 

Por isso, vamos explicar alguns aspectos que são importantes de saber antes de começar a prescrever cannabis:

Você sabe o que é o Sistema Endocanabinoide?

Este sistema é um achado relativamente recente. Descoberto na década de 1990 pelo químico israelense Raphael Mechoulam, trata-se de um  sistema que funciona em nível molecular ajudando a restaurar a homeostase, tanto dos humanos como da maioria dos animais.

O Sistema Endocanabinoide está presente em quase todo o organismo e pode regular a fome, o humor, o sono, o sistema imunológico e até o sistema nervoso central. 

Através de receptores, o sistema envia os chamados endocanabinoides, que sinalizam quando algo está errado e precisa ser corrigido. A anandamida, por exemplo, apesar de ser um neurotransmissor também é considerado como um endocanabinoide.

A influência da cannabis

A cannabis possui fitocanabinoides que podem influenciar o organismo de forma similar com os nossos endocanabinoides. Os mais conhecidos são o CBD (canabidiol) e o THC (tetrahidrocanabinol). 

Entender a forma que estas e outras substâncias trabalham no organismo, é fundamental para começar a prescrever cannabis.

O canabidiol, por exemplo, possui propriedades anticonvulsivantes, ansiolíticas e anti-inflamatórias. Já o THC é mais recomendado para dores, espasmos e para estimular o apetite. 

Por outro lado, a junção das duas substâncias também resulta em efeito sinérgico que potencializa ainda mais os efeitos um do outro. Entender como as proporções funcionam pode ser essencial na hora de receitar um produto.

Outros elementos

E isso pode ficar um pouco mais complicado quando falamos de outros compostos além do CBD e do THC, como terpenos, flavonoides e fitocanabinoides menores, como o CBG, CBN, THCV e muitos outros que possuem propriedades únicas.

A junção destas moléculas também podem ter ações diferentes, resultando em uma variação grande de combinações. 

De acordo com uma pesquisa realizada na Austrália no começo de 2024, por exemplo, mostrou que o efeito sinérgico dos terpenos e flavonoides foram essenciais para potencializar os efeitos da cannabis medicinal.

Os investigadores ainda escreveram que, somente examinando as interações será possível “desbloquear todo o potencial terapêutico da planta”. 

Quando se dá mais atenção às proporções distintas de canabinoides, terpenos e flavonoides em variedades ou produtos específicos, é possível desenvolver intervenções medicinais mais “personalizadas”.

E as vias de administração, você sabe quais são?

Não basta apenas conhecer o Sistema endocanabinoide, é necessário entender como você irá indicar o produto para o seu paciente. Embora a forma mais comum de administração seja através do óleo, há também outros meios de consumo da cannabis.

O uso de cada uma delas pode variar de acordo com a patologia tratada e até o perfil do paciente. Uma criança autista com restrições alimentares, por exemplo, não vai querer tomar o óleo com o gosto amargo. 

Por isso, listamos algumas das opções:

  • Gummies – As pequenas balinhas com ou sem formato de ursinho, são utilizadas quando o paciente já chegou em uma dose ideal e precisa apenas manter. Ao invés de contar gotas, as gomas são dosadas com a quantidade específica para o uso. Balas que também são indicadas para pacientes que não gostam do gosto do óleo. 
  • Cápsulas – As cápsulas funcionam de forma semelhante às gummies, mas mais como comprimidos. Elas consistem em um gel, que nada mais é que a cannabis medicinal pura.
  • Vaporização – Esta opção é mais utilizada para pacientes que precisam de uma resposta rápida, como pessoas com espasmos ou crise de pânico. Além de evitar o uso da combustão.
  • Tópicos – Já os produtos tópicos feitos de cannabis são direcionados para tratamentos locais, como feridas, dores musculares e até inflamações, como acnes. Eles estão disponíveis na forma de pomadas, cremes, sais de banho e sprays que ativam a área específica, sem a necessidade de ingestão.
  • Supositórios – Tanto anais como vaginais, os supositórios são  produtos voltados principalmente para condições de pessoas com útero, como endometriose, cólicas ou ovários policísticos. 

Regulamentação

Estes são apenas alguns exemplos de como a cannabis é usada atualmente no Brasil como tratamento para as mais diversas condições médicas. Mas você sabe quais são as regulamentações da cannabis no Brasil? 

Atualmente, a cannabis pode ser obtida de duas maneiras: através das importações ou nas farmácias.

Em 2015, a Anvisa autorizou a importação de produtos, que são feitos através de importadoras ou da própria marca. Para isso, é necessário ter a receita médica e uma autorização excepcional da agência. 

Cinco anos depois, a Anvisa também aprovou a venda de cannabis nas drogarias, mas a regra é mais restrita, sendo necessário uma prescrição de receita azul ou amarela. 

Aprenda como prescrever de verdade

No entanto, não é possível saber tudo sobre a prescrição de cannabis apenas em um artigo. É necessário aprender de verdade com profissionais qualificados que vão explicar de forma detalhada. 

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